segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Viabilidade dos Referendos

Na ressaca dos resultados do Referendo do Aborto várias questões se levantam.
Uma delas deixo aqui à vossa consideração.

Em 28 de Junho de 1998, houve o primeiro Referendo Nacional sobre a Despenalização do Aborto. A pergunta feita aos portugueses foi:
"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas 10 primeiras semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"
A participação foi de 31,9%, sendo que o Não venceu com 50,9% dos votos.

Em 8 de Novembro de 1998 foi a vez de chamar os portugueses a pronunciarem-se sobre a Regionalização. Desta vez haviam duas perguntas:
1. "Concorda com a instituição em concreto das regiões administrativas?"
2. "Concorda com a instituição em concreto da região administrativa da sua área de recenseamento eleitoral?"
A participação foi de 48,3%, sendo que o Não venceu em ambas as perguntas com cerca de 63% dos votos.

Em 11 de Fevereiro de 2007, foi efectuado o segundo referendo sobre o Aborto.
A participação foi de 43,6% e o Sim venceu com cerca de 59% dos votos.

Nenhum destes referendos foi vinculativo.
Se faz sol (caso do 1º referendo do Aborto) o povo não vota, se chove (caso do 2º referendo do Aborto) o pessoal também não vota.

A questão que vos deixo é se faz sentido continuar a gastar rios de dinheiro em referendos que acabam por não ser vinculativos porque o povo, ou não tem interesse em participar, ou não tem capacidade para decidir, ou porque simplesmente [ESCOLHER DESCULPA A DAR].



Votação termina a 12/03/2007

1 comentário:

Luce disse...

Referendos...
Na minha opinião, é uma estupidez completa o uso que se está a dar aos referendos.
Temos dois tipos:
1. aqueles que o povo sabe mais ou menos do que se trata (ex: aborto)
2. aqueles que o povo não faz ideia do que se trata (ex: regionalização e constituição europeia).
Em ambos o povo é facilmente manipulado pelos partidos políticos, comentadores, analistas, igreja, etc, etc, etc...

No caso dos primeiros (aqueles em que o povo sabe mais ou menos do que se trata) os apoiantes de ambos os lados fazem questão de puxar tanto a brasa à sua sardinha que conseguem fugir da pergunta e passar o tempo a discutir tudo menos a pergunta em si.

No caso dos segundos, basta deixar aqui uma questão: quantos de vocês acham que conhecem a constituição europeia o suficiente para se pronunciarem sobre ela? E mais, se são assuntos importantes para o país, porque motivo não são criadas comissões de estudo que apresentem os resultados na assembleia para os nossos representantes eleitos decidirem?

Honestamente julgo que se devia acabar com este esbanjar de dinheiros públicos ou então, fazer os tais referendos mas com proibição total de campanhas eleitorais.

Qualquer dia estamos a ter um referendo sobre se devemos fazer um referendo sobre a existência de referendos...

Srs deputados: trabalhem mas é e não passem a bola para o povo porque este não quer saber de referendos!

Nota final: os únicos referendos que admito (e acho que deviam ser obrigatórios) era sobre entrada em conflitos armados e adesão do país a instituições (ex: UE, NATO, ...)